quarta-feira, 3 de novembro de 2010

CARTAS NÁUTICAS



Carta náutica, carta de marear, carta hidrográfica, ou plano hidrográfico é uma representação cartográfica de uma área náutica, podendo representar em conjunto as regiões costeiras adjacentes à área náutica. É o equivalente marítimo dos mapas terrestres, e são as descendentes dos portulanos. Dependendo da escala, pode ter detalhes tanto do relevo da costa quanto do relevo aquático, além de outras informações, como edificações, vegetação, infra-estrutura da costa, etc. Estas cartas são o equivalente marítimo dos mapas terrestres, e são as descendentes dos portulanos.
Uma das mais mais antigas cartas náuticas conhecidas é o Planisfério de Cantino, de 1502, onde aparece o Brasil e a Linha de Tordesilhas.
Planisfério de Cantino
Abraão Cresques, cartógrafo judeu de Maiorca que viveu no século XIV, foi o provável autor do famoso Atlas Catalão de 1375. Foi pai do também cartógrafo Jehuda Cresques, também conhecido por Jaime de Maiorca, um dos cartógrafos ao serviço do Infante D. Henrique. Foi uma das figuras mais destacadas da escola cartográfica maiorquina.
Para além da sua produção cartográfica, construía bússolas, relógios náuticos e outros instrumentos de precisão necessários para a navegação. Foi protegido pelos reis Pedro III de Aragão, João I de Aragão e Martim I de Aragão. Deixou um conjunto de cartas náuticas realizadas por si e seu filho, actualmente perdidas, embora se lhe atribuam alguns mapas anônimos, como os integrados no Atlas Catalão de 1375.



Descrição
Desenhadas na Projeção de Mercador, com a excepção das cartas polares acima dos 80º N ou S, estão dividias em três categorias:
• Cartas de Roteamento - de menor detalhe, cobrem grandes áreas (ex. Carta do Atlântico Norte)
• Cartas de Aproximação - de maior detalhe, cobrem ainda assim grandes distâncias (ex. Carta do Cabo Raso ao Cabo de São Vicente)
• Planos de Portos - de grande detalhe (Plano do Porto de Sines)
Nas margens das cartas hidrográficas estão indicadas as longitudes e as latitudes, de forma gráfica (com traços para os minutos e segundos) que permitem medir as distâncias entre pontos com o compasso. Dado estarem desenhadas na Projeção de Mercator, a cada minuto destas marcações corresponde um milha marítima; contudo, estas devem ser medidas de acordo com a direção em que se traça a derrota, ou seja, devem se usar as marcações da latitude para medir distâncias no sentido Norte→Sul, e as da latitude para as Este→Oeste, pois à medida que nos vamos afastando do Equador tanto para Norte como para Sul essa representação gráfica vai aumentando de tamanho em centímetros, enquanto para paralelos ao Equador se mantém constante.
A representação de terra nas cartas está limitada à linha da costa e aos pontos conspícuos, tais como faróis ou outras construções, que sejam relevantes para a navegação.
Adicionalmente há ainda informação sobre o tipo dos fundos, perigos para a navegação, canais de navegação, enfiamentos e balizagem, profundidades, correntes, declinação magnética, etc.
Todas as cartas indicam os seus referenciais para o datum e para o zero hidrográfico; em ambos os casos estes podem ser diferentes de uma carta para a outra (incluindo cartas para a mesma área de navegação), de acordo com o organismo que compilou a informação e/ou publicou a carta. A título de curiosidade, por exemplo, nas cartas portuguesas (Instituto Hidrográfico) o ZH está sempre abaixo de água, enquanto nas cartas inglesas pode ficar acima do nível do mar em algumas ocasiões.
A informação nas cartas é complementada pelos Roteiros, Lista de Faróis e Rádio Ajudas, e outras publicações, todas indicadas nas cartas.

Descobrimentos portugueses
Os descobrimentos portugueses foram os conjuntos de viagens e explorações marítimas realizadas pelos portugueses entre 1415 e 1543 que começaram com a conquista de Ceuta na África. Os descobrimentos resultaram na expansão portuguesa e deram um contributo essencial para delinear o mapa do mundo, impulsionados pela reconquista e pela procura de alternativas às rotas do comércio no Mediterrâneo. Com estas descobertas os portugueses iniciaram a Era dos Descobrimentos europeus que durou do século XV até ao XVII, e foram responsáveis por importantes avanços da tecnologia e ciência náutica, cartografia e astronomia, desenvolvendo os primeiros navios capazes de navegar em segurança em mar aberto no Atlântico.
Antecedentes
Com a Reconquista concluída, D.Dinis interessou-se pelo comércio externo, organizando a exportação para países europeus. Em 10 de Maio de 1293, instituiu um fundo de seguro marítimo para os comerciantes portugueses que viviam no Condado da Flandres, que pagavam determinadas quantias em função da tonelagem, que revertiam em seu benefício se necessário. Vinho e frutos secos do Algarve eram vendidos na Flandres e na Inglaterra, sal das regiões de Lisboa, Setúbal e Aveiro eram exportações rentáveis para o Norte da Europa, além de couro e Kermes, um corante escarlate. Os portugueses importavam armaduras e munições, roupas finas e diversos produtos fabricados da Flandres e da Itália.
Em 1317 D. Dinis fez um acordo com o navegador e mercador genovês Manuel Pessanha (Emanuele Pessagno), nomeando-o primeiro almirante da frota real com privilégios comerciais com seu país, em troca de vinte navios e suas tripulações, com o objetivo de defender as costas do país contra ataques de pirataria (muçulmana), lançando as bases para a Marinha Portuguesa e para o estabelecimento de uma comunidade mercante genovesa em Portugal. Obrigados a reduzir suas atividades no Mar Negro, os mercadores da República de Génova tinham-se voltado para o comércio norte Africano de trigo, azeite (também fonte de energia) e ouro - navegando até aos portos de Bruges (Flandres) e Inglaterra. Genoveses e florentinos estabeleceram-se então em Portugal, que lucrou com a iniciativa e experiência financeira destes rivais da República de Veneza.
Na segunda metade do século catorze, surtos de peste bubónica levaram a um grave despovoamento: a economia era extremamente localizada em poucas cidades e a migração do campo levou ao abandono da agricultura e ao aumento do desemprego nas povoações. Só o mar oferecia alternativas, com a maioria da população fixada nas zonas costeiras de pesca e comércio.
Entre 1325-1357 D. Afonso IV de Portugal concedeu o financiamento público para levantar uma frota comercial e ordenou as primeiras explorações marítimas, com apoio de genoveses, sob o comando de Manuel Pessanha. Em 1341 as ilhas Canárias, já conhecidas ds genoveses, foram oficialmente descobertas sob o patrocínio do rei Português. A sua exploração foi concedida em 1338 a mercadores estrangeiros mas em 1344 Castela disputou-as, concedendo-as ao castelhano D. Luís de la Cerda. No ano seguinte, Afonso IV enviou uma carta ao Papa Clemente VI referindo-se às viagens do Portugueses às Canárias e protestando contra essa concessão. Nas reivindicações de posse, sucessivamente renovadas pelos dois povos, prevaleceu, no final, a vontade do rei de Castela sobre estas ilhas.
Em 1353 é assinado um tratado comercial com a Inglaterra para que os pescadores portugueses pudessem pescar nas costas inglesas, abrindo assim caminho para o futuro Tratado de Windsor em 1386. Em 1370 é criada a Bolsa de Seguros Marítimos e em 1387 há notícia do estabelecimento de mercadores do Algarve em Bruges. Em 1395, D. João I emite uma lei para regular o comércio dos mercadores estrangeiros.
Há unanimidade dos historiadores em considerar a conquista de Ceuta como o início da expansão portuguesa, tipicamente referida como os Descobrimentos. Foi uma praça conquistada com relativa facilidade, por uma expedição organizada por D. João I, em 1415. A aventura ultramarina ganharia grande impulso através da ação do Infante D. Henrique reconhecido internacionalmente como o seu grande impulsionador.
Motivações
Até ao século XIX, considerava-se que a principal motivação para as conquistas africanas em Marrocos tinha sido de ordem religiosa. O cronista Gomes Eanes de Zurara refere que os Infantes tinham as suas razões, os letrados as suas, mas a decisão cabia ao rei D. João I: “Eu não o teria por vitória, nem o faria em boa verdade, ainda que soubesse cobrar todo o mundo por meu, se não sentisse que em alguma maneira era serviço de Deus”.[7] O motivo religioso, sobrepondo-se a todos os outros, foi como tal apontado, entre outros, por João de Barros, Luís de Camões, Gil Vicente.

As importantes rotas comerciais da seda e das especiarias, bloqueadas pelo Império otomano em 1453 com a queda de Constantinopla o que motivou a procura de um caminho marítimo pelo Atlântico, contornando África.



Mapa das rotas comerciais portuguesas de Lisboa a Nagasaki em 1580-1640
Mas havia também outras razões para a conquista de Ceuta, mais de um século depois resumidas pelo carmelita Frei Amador Arrais, ligando-as à ação de D. Afonso IV na batalha do Salado - “El-Rei Dom João o primeiro, começou a conquista de África, tomãdo Septa, Baluarte da Cristandade, & Chave de toda Hespanha, Porta do comércio do poente para levante."
O inimigo muçulmano dominava o Estreito e era poderoso em Granada. Pela sua posição geográfica, Ceuta era uma base naval que podia servir de apoio à navegação entre a península itálica e Portugal, permitindo também reprimir ou tolher a pirataria dos mouros nas costas do Atlântico.
No século XX, houve historiadores que julgaram o passado com as preocupações do presente, considerando a primazia do interesse econômico: procurar acesso direto a fontes de fornecimento de trigo, de ouro ou de escravos no norte de África. Mas houve também historiadores, como David Lopes, rebatendo essa tese: "Ainda que Ceuta tivesse importância como centro de comércio, a sua conquista por cristãos desviaria dela o tráfico muçulmano"
As conquistas de Marrocos, porém, sob o impulso do Infante D. Henrique, vieram a dar lugar aos descobrimentos. Segundo Gomes Eanes de Zurara, na Crônica do descobrimento e conquista da Guiné (Capítulo VII), as expedições organizadas pelo Infante tinham cinco motivações: (1ª) conhecer a terra além das Canárias e do cabo Bojador; (2ª) trazer ao reino mercadorias; (3ª) saber até onde chegava o poder dos muçulmanos; (4ª) encontrar aliados que o pudessem ajudar numa guerra que durava há trinta e um anos; (5ª) e trazer para a fé de Cristo todas as almas que se quisessem salvar. Se, com o Infante, ao avançar pela costa de África na direção do sul, parece haver, sobretudo a intenção de envolver pela retaguarda o grande poderio islâmico, adversário da Cristandade (uma estratégia militar e diplomática tributária do espírito das Cruzadas), a crescente intervenção dos "cavaleiros-mercadores" (Magalhães Godinho) nos reinados de D. Afonso V e D. João II, acabará por levar a expansão portuguesa até ao Oriente em busca das especiarias. Em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos Otomanos, as trocas comerciais no Mediterrâneo de Veneza e de Génova ficaram muito reduzidas. O proveito de uma rota comercial alternativa mostrava-se recompensador. Portugal iria ligar diretamente as regiões produtoras das especiarias aos seus mercados na Europa.Quando se firma o projeto da descoberta do caminho marítimo para a Índia, a expansão portuguesa está já dominada pelo interesse comercial.
Primeiras expedições no Atlântico
A conquista de Ceuta em 1415 é geralmente referida como o início dos "descobrimentos Portugueses". Nela participou o Infante D. Henrique, que a partir de então dirigiu e impulsionou as primeiras expedições no Atlântico, como investimento do seu patrimônio pessoal. As primeiras navegações estão associadas à sua figura a partir da base que estabeleceu em Lagos e na Sagres, onde foi acompanhado por um grupo de cartógrafos, astrônomos e pilotos. Além dos interesses materiais, o príncipe ambicionava estabelecer uma aliança com o Preste João das Índias, um príncipe cristão que governaria as terras da Etiópia. Graças a essa aliança, D. Henrique pensava expulsar os Muçulmanos da Terra Santa e recomeçar as Cruzadas, mas numa escala planetária. Por trás deste movimento estava um grupo vasto de mercadores e armadores profissionais, interessados e participantes nas navegações e, como dirigente governativo, o infante D. Pedro, responsáveis por uma série importante de iniciativas a que o Navegador aderiu.
A ilha da Madeira
Em 1418, ainda no reinado de D. João I, e sob comando do Infante D. Henrique dá-se o redescobrimento da ilha de Porto Santo por João Gonçalves Zarco e mais tarde da ilha da Madeira por Tristão Vaz Teixeira. Trata-se de um redescobrimento, pois já havia conhecimento da existência das ilhas da Madeira no século XIV, segundo revela a cartografia da mesma época, principalmente em mapas italianos e catalães. Tratava-se de ilhas desabitadas que, pelo seu clima, ofereciam possibilidades de povoamento aos Portugueses e reuniam condições para a exploração agrícola.
Os arquipélagos da Madeira e das Canárias despertaram, desde cedo, o interesse tanto dos Portugueses como dos Castelhanos; por serem vizinhos da costa africana, representavam fortes potencialidades econômicas e estratégicas. A disputa destes territórios deu origem ao primeiro conflito ibérico motivado por razões expansionistas que só terminou com a assinatura do Tratado das Alcáçovas-Toledo em 1479.
Os Açores
Em 1427, dão-se os primeiros contactos com o arquipélago dos Açores por Diogo de Silves. Ainda nesse ano é descoberto o grupo oriental dos Açores, São Miguel e Santa Maria. Segue-se o descobrimento do grupo central -Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial). Em 1452 o grupo ocidental (Flores e Corvo) é descoberto por Diogo de Teive.
A costa oeste de África
Em 1434 Gil Eanes contornou o Cabo Bojador, dissipando o terror que este promontório inspirava. No ano seguinte, navegando com Afonso Gonçalves Baldaia descobriram Angra de Ruivos e este último chegou ao Rio de Ouro, no Saara Ocidental. Entretanto, após a derrota portuguesa de Tânger em 1437, os portugueses adiaram o projeto de conquistar Marrocos no Norte de África.
Já na regência de D. Afonso V, em 1441 Nuno Tristão chegou ao Cabo Branco. Juntamente com Antão Gonçalves fizeram incursões ao Rio do Ouro, de onde foi obtido ouro em pó. A partir de então ficou generalizada a convicção de que essa área da costa africana poderia, independentemente de novos avanços, sustentar uma atividade comercial capaz de responder às necessidades de numerário que, em Portugal, como em toda a Europa, se fazia sentir. Em 1456, Diogo Gomes descobre Cabo Verde e segue-se o povoamento das ilhas ainda no século XV.[10]
Em 1455 é emitida a bula Romanus Pontifex do Papa Nicolau V confirmando as explorações portuguesas e declarando que todas as terras e mares descobertos a sul do Bojador e do cabo são pertença dos reis de Portugal, que poderá cobrar impostos sobre a navegação e comércio. No ano seguinte chegava a Bristol o primeiro carregamento de açúcar provindo da ilha da Madeira. Em 1460, Pêro de Sintra atinge a Serra Leoa. Nesse ano faleceu o Infante D. Henrique. Após a sua morte, a missão é atribuída temporariamente ao seu sobrinho, o Infante D. Fernando (filho de D.Duarte).

Mapa do século XVI, da costa oeste africana Golfo da Guiné e "A mina"










Chegada ao Brasil


Carta a El Rei D. Manuel escrita por Pero Vaz de Caminha descrevendo as terras brasileiras achadas na expedição de Pedro Álvares Cabral.
Em 1499, após o retorno de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral foi nomeado capitão-mor da armada que se dirigiria à Índia. A sua missão era a de estabelecer relações diplomáticas e comerciais com o Samorim, promovendo a imagem de Portugal e instalando um entreposto comercial ou feitoria, retornando com o máximo de mercadorias.
A sua foi a mais bem equipada armada do século XV, integrada por dez naus e três caravelas, transportando de 1.200 a 1.500 homens, entre funcionários, soldados e religiosos. Era integrada por navegadores experientes, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho, tendo partido de Lisboa a 9 de março de 1500, após missa solene na ermida do Restelo, à qual compareceu o Rei e toda a Corte.
Mas Pedro Álvares Cabral, por alturas de Cabo Verde, desvia-se da rota. Tendo-se afastado da costa africana, a 22 de abril de 1500, após quarenta e três dias de viagem, avistou o Monte Pascoal no litoral sul da Bahia. No dia seguinte, houve o contato inicial com os indígenas. A 24 de abril, seguiu ao longo do litoral para o norte em busca de abrigo, fundeando na atual baía de Santa Cruz Cabrália, nos arredores de Porto Seguro, onde permaneceu até 2 de maio.


Detalhe do mapa "Terra Brasilis" (Atlas Miller, 1519), actualmente na Biblioteca Nacional de França.
Cabral tomou posse, em nome da Coroa portuguesa, da nova terra, a qual denominou de "Ilha de Vera Cruz" (mais tarde Terra de Santa Cruz e finalmente Brasil - face à abundante existência de madeira pau-brasil), e enviou uma das embarcações menores com a notícia, inclusive a Carta de Pero Vaz de Caminha, de volta ao reino. Retomou então a rota de Vasco da Gama rumo às Índias.
Ao cruzar o cabo da Boa Esperança, perderam-se quatro dos navios, entre os quais o de Bartolomeu Dias, navegador que o descobrira em 1488.
Diogo Dias contava entre os navegadores experientes da frota de Pedro Álvares Cabral na segunda armada à Índia. É citado na Carta do Achamento do Brasil de Caminha como «homem gracioso e de prazer». A 10 de Agosto de 1500, após ter dobrado o cabo da Boa Esperança, separou-se do resto da expedição devido aos ventos, e descobriu uma ilha a que deu o nome de São Lourenço, mais tarde designada Madagascar. Sua embarcação se perdeu durante a tormenta, e acabou sendo o primeiro capitão português a viajar pelo mar Vermelho. Incapaz de prosseguir rumo à Índia, retornou a Portugal, onde chegou com apenas sete homens.
Antiguidades Náuticas
A armada de Pedro Álvares Cabral chega a Calecute em 1501, onde ocorrem confrontos com o Samorim, com o qual acaba por romper relações. Assim, dirige-se para Sul e estabelece uma feitoria em Cochim.





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Nomes:Larissa Amorim
Caroline
Thiago Martins
Álvaro
Matheus Souza
Estéfani

4º Bimestre

Piratas e Corssários

Piratas e Corsários
Breve História.
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A pirataria nos mares é praticada desde a antiguidade, embora tenha sido a partir do século IX que adquiriu enormes proporções, tendo atingido a sua Época de Ouro entre os séculos XV e XVIII. Os piratas actuavam à margem da lei, muitas vezes atacavam os navios do seu próprio país.
O Curso, isto é, a pirataria autorizada por um Estado atingiu o apogeu nos séculos XVI e XVII. Foi até ao século XIX uma forma dos estados possuirem uma "marinha de guerra" sem custos, concedendo o direito a particulares de se apossarem dos navios e saquerem as povoações dos seus inimigos. O Corso desde o século XIV que estava regulamentado em muitos reinos europeus, como Portugal.
Vikingues
Os vikingues não eram um povo, mas organizações de bandidos que se dedicavam a saquer as povoações marítimas. As suas principais bases estavam localizadas na Suécia (Birka, Gotland), Noruega e na Dinamarca, onde acumularam enormes tesouros.
Entre os séculos IX e X lançaram o terror não apenas no Norte da Europa, mas também na Península Ibérica e em todo o Mediterrâneo. Nos séculos XI e XII foram destruídos pelos novos reinos cristianizados.
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Piratas Muçulmanos no Mediterrâneo
A expansão e domínio pelos povos islamizados da costa Oriental e Sul do Mediterrâneo irá permitir a criação da mais poderosa organização de piratas e corsários que o mundo jamais conheceu. Mais.


Piratas e Corsários Portugueses
Desfrutando de uma extensa costa debruçada sobre o Atlântico, pontuado por muitos portos estratégicos para o comércio marítimo, era natural que Portugal fosse ao longo dos séculos uma das principais vítimas dos piratas e dos corsários.
A história que está feita incide sobretudo na descrição de ataques de piratas, escravatura e resgates de portugueses. Conhece-se relativamente bem as inúmeras acções punitivas contra os mesmos, nomeadamente no Oriente, mas muito pouco se sabe sobre a longa e surpreendente história dos piratas e corsários portugueses. Ao contrário dos ingleses e franceses os mesmos nunca foram assumidos como heróis, sendo sempre encarados como personagens incómodas na suposta Missão de Portugal no Mundo.
Século XII. Desde o reinado de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal que temos conhecimento dos primeiros piratas e corsários portugueses. O mais célebre de todos foi Fernão Gonçalves Churrichão, o Farroupim, mais conhecido por D. Fuas Roupinho. Comandava uma frota que atacava os navios de muçulmanos, nomeadamente os sediados em Ceuta, tendo morrido num combate ao largo da costa algarvia.
A partir da década de 70 do século XII, José Mattoso, afirma que passou a existir em Portugal "uma frota marítima capaz neutralizar a pirataria muçulmana e de assolar as povoações costeiras do litoral algarvio e andaluz" (p.265)
Século XIV. No início do século organiza-se em Portugal de modo sistemático as actividades de corso. Em 1317, o rei D. Dinis, contrata o genovês Manuel Pessanha para actuar nas costas de Portugal, em particular no Alentejo e Algarve. Pessanha ensina os portugueses a atacarem navios inimigos utilizando galés, os navios a remos que eram utilizados no Mediterrêneo. No século seguinte, os portugueses passam a usar barcos à vela com canhões, uma enorme inovação tecnológica.
Século XV. Os portugueses eram já considerados os maiores piratas e corsários da cristandade. A actividade era extremamente lucrativa, à qual se dedicava a nobreza e a família real. Era uma actividade considerada nobre e honrada, sobretudo quando dirigida contra infiéis. O Infante D. Henrique, por exemplo, tinha navios no saque. A conquista de Ceuta, em 1415, a que se seguiu outras cidades como Alcácer Seguer (1458), Arzila ou Safim, permitiu aos portugueses não apenas controlar o Estreito de Gibraltar, mas também criar no Norte de África um poderoso centro para a pirataria e o corso. Ceuta só foi abandonada em 1640 pelos portugueses, quando perante a guerra com a Espanha se tornou inviável manter esta praça armada.
Entre os muitos corsários do século XV, destaca-se Pedro de Ataíde, fidalgo da Casa Real. O mais célebre corsário português, um verdadeiro terror dos mares. Era conhecido por "O Corsário" ou "O Inferno". Está por fazer a história deste corsário. Sabe-se que por volta de 1470, andava a atacar navios bretões e de S. Malô, mas também as costas da Andaluzia. Em 1471/72 comandou uma armada à Guiné. Em Julho de 1476 era capitão de armada ao serviço do rei. Morreu um mês depois quando estava envolvido numa batalha contra navios genoveses e flamengos ao largo da Costa de S. Vicente (consultar).
Século XVI. Os portugueses praticam em larga escala a pirataria no Oriente, numa guerra sem quartel, nomeadamente contra os muçulmanos. Entre os mais conhecidos piratas portugueses do Oriente, conta-se o fidalgo Simão de Andrade que entre muitas outras façanhas contam-se os saques que praticou na China (1519). A literatura portuguesa da época, como a Peregrinação (1583) de Fernão Mendes Pinto, contém inúmeros relatos destas acções de pirataria.
O aumento do comércio marítimo através do Atlântico fez disparar o número de barcos corsários, sobretudo os franceses e os muçulmanos (Norte de África). Para se ter uma ideia basta dizer que entre 1508 e 1538 registam-se 423 aprisionamentos de navios portugueses por parte do corso francês (cf.O Grande Livro da Pirataria e do Corso, de Ramalhosa Guerreiro).
No final do reinado de D. Manuel, foi criada uma Esquadra do Estreito cuja função era a de proteger a navegação que cruzava a entrada do Mediterrâneo, os portos do Algarve e as praças africanas, dos diversos tipos de corso que assolavam esta zona. D. João III endurecem também a repressão, provocando sobretudo da parte dos franceses constantes protestos. Foram diversas medidas de rotecção, nomeadamente obrigando os navios comerciais andarem em comboios, protegidos por navios de guerra.
Na segunda metade do século XVI tornam-se cada vez mais frequentes os relatos de portugueses que estão ao serviço de outros piratas e corsários. A sua longa experiência dos mares permite-lhes levá-los ao coração do Império Espanhol. Um dos casos mais célebres, mas não único, foi o caso do piloto Nuno da Silva, capturado em Cabo Verde por Francis Drake. Foi um dos dois pilotos portugueses que o conduziu na travessia do Estreito de Magalhães e depois às costas do Perú para saquear os espanhóis, permitindo-lhe depois circundar o mundo (1578). No regresso terá parado em Lisboa, onde aliás voltaria anos depois ao serviço do Prior do Crato. O embaixador espanhol em Londres escreveu a Filipe II: "el Draques afirma que si no fuera por dos pilotos portugueses que tomó en un navío que robó y hechó a fondo en la costa del Brasil a la yda no pudiera haver echo el viage. Ha dado a la Reyna un diario de todo lo que le ha sucedido en los tres años y una gran carta" (Carta de Bernardino de Mendoza a Filipe II, 16/10/1580).
Ocupação Espanhola (1580-1640). No final do século quando Portugal é ocupado pela Espanha muitos portugueses aliaram-se a corsários e piratas de outras nações para combaterem os espanhóis. Os relatos são impressionantes da sua acção, nomeadamente da forma como os conduziram os piratas e corsários ao centro do Império Espanhol. A sua experiência e conhecimento dos mares foi decisiva para o êxito das expedições inglesas, holandesas e francesas.
Em 1591 um português integrava uma pequena frota de corsários ingleses nas Caraíbas, tendo procurado depois iludir uma galé espanhola ao largo de Cuba sobre a a nacionalidade do navio em que seguia. No final do ano, outro piloto português embarcado no porto de Santos conduziu a expedição de Thomas Cavendish, na tentativa de atravessar o Estreito de Magalhães.
Em 1593, os espanhóis afirmam um portugueses serviu de guia ao corsário John Burgh nas Caraíbas que terminou no saque da ilha Margarita. Neste ano, o piloto português Diogo Peres conduz o James Langton em mais um saque aos espanhóis nas Caraíbas. No ano anterior deu falsas informaçõess ao Governador espanhol de Santo Domingo sobre as movimentações de Francis Drake e do conde de Cumberland de modo a facilitar-lhes a pilhagem.

Na Holanda onde existia uma enorme colónia de portugueses, muitos deles dedicaram-se à pirataria e corso contra os espanhóis. Entre eles, destacam-se Simão de Cordes e o seu irmão Baltazar de Cordes, dois portugueses ou seus descendentes que foram os primeiros corsários holandeses (1598-1600). Ficaram célebres pelas pilhagens e massacres que fizeram numa colónia espanhola (Chile).
Durante a ocupação de Portugal estes piratas e corsários atacam indistintamente possessões espanholas e portuguesas, de forma a enfraquecerem a Espanha. Entre as terras ou possessões portuguesas, algumas foram completamente pilhadas: Bahia (Brasil)-1587; Santos (Brasil) -1591; Recife (Brasil)-1595; Açores-1589; Faro-1596; Sagres-1597; Ormuz-1622; etc.
Século XVII (Depois de 1640). Depois da restauração da Independência, em 1640, Portugal envolve-se numa longa guerra com a Espanha que só termina em 1668. Durante este período, aumenta o número dos portugueses piratas e corsários, mas são apoios os de outras nações que andam no saque às colónias espanholas. Era uma forma barata de fazer a guerra no mar.
Em 1645, o embaixador espanhol em Londres informou Filipe IV, que uma expedição pirata fora muito bem sucedida nas Caraíbas devido à participação de marinheiros portugueses.
Nos mares da Jamaica, Cuba e no golfo do México, dois piratas portugueses ficaram tristemente célebres:
- Bartolomeu, o português. Era profundamente católico, andava sempre de cruxifico ao peito. Em 1662 apoderou-se na costa cubana de Manzanillo de uma pequena embarcação que armou com quatro canhões. Com a patente de corso do governador de Jamaica, em 1663, tomou navio mercante espanhol em Cabo Corrientes (Cuba) que levava 75.000 escudos e 100.000 libras de cacau. Foi capturado em Campeche (golfo do México), julgado e sentenciado à morte, mas conseguiu fugir, unindo-se depois a outros piratas e corsários. Voltou a Campeche, apoderando-se de outra embarcação. Sabemos que naufragou nos Jardins da Reina (Cuba), mas conseguiu chegar à Jamaica muito ferido. Meteu-se depois em outras expedições cujos resultados ignoramos. Parte das suas façanhas foram publicadas na Holanda, em 1678, na obra "Os Bucaneiros da América"de John Esquemeling.
- Rocha, o brasileiro (Roche ou Rock Brasiliano). (c.1630-c.1675). Alguns historiadores afirmam tratar-se de um holandês ligado por razões desconhecidas ao Brasil. Em 1670 atacou Campeche. Era um verdadeiro psicopata, tinha um ódio de morte aos espanhóis, submetendo-os às piores barbaridades.
Os ataques de piratas e corsários às costas de Portugal e das suas colónias só diminuiram quando foi reconstruída a marinha portuguesa e levantado um eficiente sistema de fortificações.
A paz com a Holanda (Tratado de Haia, 1661) e o relançamento da Aliança com a Inglaterra levaram à diminuição dos piratas destes países.
A principal ameaça continuou a ser a dos piratas muçulmanos, mas também a dos franceses que se haviam especializado nas pilhagens.
Século XVIII / XIX. No século XVIII o corso continua solidamente implantado em Portugal, devido aos constantes conflitos com a Espanha e a França. O corso continuava a ser uma forma barata de manter uma guerra. Os ataques dos piratas muçulmanos do Norte de África eram outras das precupações, cujas pilhagens se prolongaram até meados do século XIX.
Em meados do século foi de novo organizada uma esquadra portuguesa para proteger o Estreito de Gibraltar, cuja actividade se prolongou até 1807. Ao longo do século foram muitas as acções punitivas contra os piratas no Mediterrâneo realizadas por iniciativa própria ou a pedido de outras nações. Nesta altura dois dos grão-mestres da Ordem de Malta, sediada na Ilha de Malta no Mediterrâneo, eram portugueses: António Manoel de Vilhena (1722 - 1736) e Manoel Pinto da Fonseca (1741 -1773). Esta Ordem tinha um papel destacado no combate contra a pirataria e o avanço dos muçulmanos na frente sul da Europa.
Os corsários ingleses tinham em Portugal uma base de apoio estratégica para assaltarem os navios espanhóis e franceses. Em Lisboa reabasteciam-se e vendiam o produto dos saques. Ainda em 1780, entrou pelo Tejo dois navios mercantes franceses tomados por corsários ingleses, os quais foram depois transformados em barcos de guerra destinados ao corso nas costas de Espanha, só não seguiram para o seu destino devido aos protestos do embaixador deste país.
Há abundantes registos de portugueses ao serviço de corsários de outros países europeus em finais do século XVIII.
Uma das últimas grandes acções de pirataria de portugueses ocorreu em 1823, quando prosseguiam as negociações para a separação do Brasil de Portugal. Os que haviam aderido à causa da separação iniciam um guerra de corso contra Portugal. Alguns atacam os seus navios nas águas dos Açores e muito perto das costas do Continente.
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Século XX. Ao contrário do que o portugueses gostam de reconhecer, neste século foram pioneiros num novo tipo de "pirataria": o sequestro de navios e aviões para protestos políticos.
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O paquete Santa Maria (1953-1973), transportava cerca de 1100 passageiros. Durante o sequestro foi rebatizado de "Santa Liberdade".
- Assalto ao paquete Santa Maria. Em Janeiro de 1961, um grupo de 21 exilados políticos portugueses na Venezuela, sob o comando de Henrique Galvão toma de assalto nas caraíbas um paquete trasatlântico para protestarem contra as ditaduras em Portugal e em Espanha. O navio foi depois abandonado no Brasil. O caso teve um enorme impacto mundial.
- Assalto de um avião. No dia 10 de Novembro de 1961, nas vésperas de mais uma farsa eleitoral da ditadura, 5 portugueses, entre os quais se incluía Palma Inácio, tomam de assalto um avião da TAP (Transportes Aéreos Portugueses), que fazia o percurso de Casablanca (Marrocos) para Lisboa. O piloto é obrigado a sobrevoar Lisboa e outras cidades dos arredores a baixa altitude, sendo então lançandos 100 mil panfletos contra a ditadura, tendo o avião depois sido desviado para Tanger. Palma Inácio liderou ainda outras acções políticas de grande impacto mediático, envolvendo sabotagem de aviões, roubos de bancos, etc.
Durante a guerra colonial (1961-1974), ocorreram diversas acções militares secretas em países africanos, as quais frequentemente se confundiram com acções de pura pirataria. Uma prática que tem sido corrente em todas as guerras.
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Nomes: Mateus Dos Santos
Misael Paiva
Ayrton Thiago
Thiago Carneiro

Professor : Zenir